segunda-feira, 30 de abril de 2012

Destruição e Reconstrução da Matriarca .




Maior destruição da psique da matriarca (mãe) foi quando ela testemunhou o assassinato e mutilação de seus bebês, seus filhos, filhas e seus homens.

Ela ficou traumatizada pela visão do útero sendo cortado e bebês caindo ao chão.
Ela ficou traumatizada quando amarraram cada membro de seu homem (filhos), para um cavalo diferente e enviou-os em diferentes direções.
Ela ficou traumatizada em desconectar com seus bebês, como ela sabia que eles seriam levados para longe e vendido no leilão. Ela sempre foi o alvo.
Esta é a função do estado moderno psicológica da mulher.
Ela ainda está em choque e ao mesmo tempo nesse estado, ela vendeu a si mesma e seus bebês para o próprio sistema que escraviza ela e seus bebês.
Ela deve primeiro ser despertada e voltar a ter contato com o conhecimento de si, de modo que ela possa colocar as coisas em ordem novamente, ensinar desde o ventre de novo e redimir a humanidade.

É a mulher que caiu.
No entanto, o homem, não tem outra escolha senão cair,
Ele tentou diligentemente assumir o cargo, que ocupou ferozmente, com determinação bruta para levar á busca da mãe.

Ela e somente ela tem a capacidade de levar e ensinar as almas a uma vibração mais elevada. Claro, ela deve estar em uma maior consciência a si mesma em primeiro lugar.
Infelizmente ela parou de ensinar -lhe do ventre e enviou-o para o mundo despreparado .
Assim, um povo não pode elevar-se sem suas mulheres.
 Fonte :Black Planet.com

ELES VIERAM ANTES DE COLOMBO!




sábado, 28 de abril de 2012

África é o berço da inteligência humana.



A cultura humana nasceu muito antes do que imaginávamos. E na África – não na Europa, como pensavam os estudiosos. Há 77 mil anos, os ancestrais do homem já eram capazes de fazer arte e pensar de forma abstrata. Prova disso são duas barras de argila colorida com desenhos geométricos encontradas no sítio arqueológico de Blombos, a 290 quilômetros da Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2004. As descobertas foram feitas pela equipe do antropólogo americano Christopher Henshilwood, da Universidade de Nova York. “A presença de objetos entalhados de gravuras significa que as habilidades de aprendizagem e a capacidade para o pensamento abstrato estavam presentes entre aqueles homens”, diz. “Essa aptidão para o armazenamento de informações fora do cérebro humano é entendida como cultura, como inteligência.”

Os novos achados refutam a teoria de que o despertar da cultura humana teria ocorrido na Europa, conforme sugeriam pinturas rupestres encontradas em grutas na França, em lugares como Lascaux (a descoberta foi em 1940), Chauvet (em 1994) e Cussac (em 2004), além de Altamira, na Espanha (ocorrida em 1868) – todos esses desenhos encontrados na Europa não têm mais do que 35 mil anos. “Isso indica que o povo africano, de quem nós todos descendemos, era moderno em suas atitudes muito antes de eles chegarem à Europa e substituírem os neandertais”, afirma Henshilwood.

Jóia é sinal de cultura





Jóias descobertas na caverna em Blombos.


Stefan Gan
Fabricar jóias é um sinal de aprendizagem. Isso foi levado em conta pela equipe de Christopher Henshilwood como um dos sinais de que a África foi realmente o berço da inteligência. No mesmo sítio arqueológico de Blombos, os cientistas encontraram 41 peças que acreditam terem sido usadas como ornamentos pessoais. Elas têm 75 mil anos e eram feitas com as conchas de um molusco que habita a região, o Nassarius kraussianus.
Os objetos têm perfurações e marcas de uso. Até então, as jóias mais antigas já encontradas eram mais recentes: tinham cerca de 50 mil anos. “As conchas eram usadas como jóias, símbolos de troca e também para identificação de algum grupo específico. Isso tudo indica que, há 75 mil anos, já existiam formas de os homens se comunicarem uns com os outros”, afirma Henshilwood. “Portanto, podemos dizer que a linguagem humana já estava desenvolvida.”

Racionais

Geometria esperta

Os desenhos geométricos encontrados nas duas peças de argila em Blombos são uma série de losangos. Os pesquisadores só os consideraram manifestações de inteligência porque não são simples rabiscos, e sim símbolos de pensamento abstrato.

Conchas reveladoras

As conchas encontradas em Blombos também serviam como parte de um sistema de troca de presentes conhecido como hxaro. Se uma seca provocasse escassez em uma tribo, esse grupo mudava-se para o território de outro, onde encontrava auxílio com quem tinha estabelecido laços hxaro.

Livro velho

A corrida pelos vestígios humanos mais antigos do mundo é acirrada. O livro O Despertar da Cultura, de Richard Klein e Stanley Ambrose, recém-publicado no Brasil, já chega por aqui velho. O livro relata a descoberta pelos dois de jóias de 50 mil anos na África. Os achados em Blombos os deixaram para trás.


Fonte: .:: Revista Aventuras na História, O fascinante universo da história

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Angéle Etoundi Essemba



"A fotografia é para mim uma necessidade, necessidade de expressar e comunicar. Enquanto a necessidade  existir, vou criar. "
Angèle Etoundi Essamba nasceu em Douala, Camarões em 1962 e cresceu-se em Yaoundé. Como uma menina jovem, ela foi para Paris, onde recebeu sua educação. Mais tarde, ela se mudou para a Holanda onde treinou no Fotovakschool Nederlandse (Holanda escola profissional de fotografia).Etoundi Essamba ganhou reconhecimento internacional com exposições em todo o mundo. Suas fotografias foram exibidas pela primeira vez em 1985, na Maison Descartes, em Amsterdã.
Etoundi Essamba tem uma trajetória longa e reconhecida na realização do registo fotográfico das mulheres negras. Sua formação variada significa que sua perspectiva é igualmente estética, idealista, realista, íntima e social. Portanto, ela se junta ao espírito da fotografia humanista, um forte apego aos valores da comunhão, solidariedade e igualdade entre os homens.
Angele tem uma influência profunda de sua própria trajetória multicultural (nascido em Camarões, criada em Paris e uma cidadã holandêsa).Ela está focada na criação de retratos de mulheres negras que questionam os conceitos de dualidade alteridade, identidade  cultural, a fim de promover o respeito mútuo, compreensão e tolerância. Seu trabalho mostra a força do orgulho e da consciência das mulheres africanas e da relação entre tradição e modernidade. Então, ela apresenta uma visão da Mulher, da África e sua cultura.
"Essamba usa o corpo humano como uma simples estética para representar a realidade mental do exílio e vida entre duas culturas (...)" * 


Sokare Douglas Acampamento


"Nunca houve qualquer dúvida em minha mente quanto à forma como esculturas e máscaras  deverá ser apresentada.Eu sempre achei estranho  ser enfrentada em um museu com uma máscara sem corpo  pregada na parede. Onde estará o resto? -Sokari Douglas Camp, 1999" 

Sokari Douglas acampamento nasceu em Buguma, na Nigéria. Ela estudou na California College of Arts and Crafts, Oakland (1979-80), antes de completar um BA com Menção Honrosa em Escultura na Central School of Art and Design, Londres (1980-1983), e depois um mestrado em Escultura no Royal College of Art, em Londres (1983-86).
Embora Douglas Acampamento viveu e trabalhou no Reino Unido por mais de vinte e cinco anos, seu trabalho, predominantemente esculpida em aço, é fortemente influenciada pela cultura Africana e inspirado por sua herança Kalabari.
Ela já expôs internacionalmente e exposições individuais notáveis ​​incluem: Espíritos em Aço - A Arte do Masquerade Kalabari no Museu Americano de História Natural, em Nova York (1998-9); e imaginou Aço em Artes Lowry Centre, Manchester, que viajou para Oriel Mostyn Gallery, Llandudno; Brewery Arts Centre, Cirencester, e Derby Museum and Art Gallery (2002-03).
O trabalho de Douglas Camp é encontrado em coleções ao redor do mundo, incluindo: o Museu Americano de História Natural, em Nova York, o Museu Britânico, Londres, Minneapolis Museum of Art, Minneapolis; Setagaya Art Museum, Tóquio, e do Instituto Smithsonian, Washington DC
Ela completou numerosas comissões, e sua proposta, NÃO-O Guerra-No-O-War, foi indicado para o quarto plinto da Trafalgar Square. Sua "Viver Memorial 'para o ativista nigeriano e escritor tarde, Ken Saro-Wiwa foi revelado em 2006.

SAINT(2010)
 CONTAINER(2000)


GANS AND OIL(1998)  
       

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Poesia


Por que riem do meu cabelo?

Não enxerga em mim o seu espelho?
Não percebe o medo e o desespero,
A imagem da solidão que te agarra em cheio?
Você se arma por que tem receio
De ir contra o discurso e ter mais bom senso, respeito!
De deixar de lado a violência de um ambiente hostil
Pra quem conhece desde cedo!
Mas os grilhões aumentam e você persiste
Em evitar a dor,  porém não desiste.
É triste irmã, é triste...
E haverá o tempo,
Em que o amor acenderá aquela chama quente
Despertará a mente para um novo sol 
Saberá reconhecer a beleza presente
Que nas madeixas pretas onde Deus plantou a semente
Serão suas armas para amortecer o mal!
(Vânia Maria)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Kara Walker







Kara Walker (1969 - ) Nasceu em Stockton, Califórnia. Vive e trabalha em Nova York. Cursou o mestrado na Columbia University. Explora, raça. gênero, violência, sexualidade e identidade. Sua principal característica é trabalhar com instalações utilizando recortes de silhueta em papel preto construindo uma cena ou história. Suas imagens são tiradas de livros históricos. É considerada uma das mais influentes artistas americanas.

                                                   MOMA, Nova York

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tudo é ritmo, trabalho e movimento!

Como dissociar esses três elementos de nossas vidas? É quase que impossível. É algo intrínseco ao homem.  O corpo sinaliza um ato antes mesmo que tenhamos conhecimento e consciência do movimento. Nos permitindo responder as informações das quais há necessidade de trasmitir.O nosso corpo sente  dor por exemplo, e se não houvesse dor não haveria a experiência. O corpo está presente em tudo.
Lendo um texto em certa ocasião a respeito dos grandes nomes da dança moderna, percebi que os nomes que eram mencionados , especificamente um dançarino que redefiniu a forma de pensar a dança na qual chamamos hoje de Dança Contemporânea, instituiu uma nova linguagem corporal na dança partindo desde movimentos "primitivos" ao mais sofisticados e com isso, estabeleceu-se um método que possibilitou a Terapia trabalhada  nesses movimentos , pensando evidentemente no contexto ao qual  ele vivia, a modernidade. Rudolf Laban, é o seu nome, teórico do Movimento e Educador.
 A intenção aqui não seria discutir  os seus métodos. A questão é, será que ele identificou algo de novo sobre a nossa relação com o corpo? Sim, se observamos que ele vai tratar dessa questão tendo como ponto de partida o homem Ocidental e todo o seu aparato social e psicológico, entretanto em se tratando de  termos científicos, ele não fez nada mais e nada menos do que reproduzir  o que já era vivido em África, por exemplo. O educador do corpo trouxe para a atualidade um conhecimento que toda uma comunidade africana vivência através de seu contato diário com a natureza e com todo o seu acúmulo de experiência como homens pensantes em uma sociedade muito diferente da que estamos.
Infelizmente, esses nomes dos quais nos deparamos em livros e ditos como pioneiros no ensinamento de tudo são considerados referênciais para levarmos ao longo de  nossas vidas , no entanto, não fomos ensinados e sim, programados para não identificarmos a verdade acerca da origem de todo esse conhecimento que é apreendido por nós. Somos os sujeitos e nunca os agentes da história que portanto, se torna superficial  ou melhor, mentirosa.!
Esse vídeo é sensacional e traduz muito bem o que estou tentando dizer.


"Nosso corpo é o templo do conhecimento" Provérbio Egpício"

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Começa hoje, dia 16 de Abril uma exposição com obras do projeto Educação com Arte. Será na passagem subterrânea da Rua Consolação,em São Paulo, ao lado do cine Belas Artes.
Esse projeto realiza oficina culturais com jovens internados na Fundação Casa. São mais de 600 telas, e tem coisas muito interessantes, além de fanzine e fotografias. É um evento não oficial, que não tem a realização da Fundação, mas sim da ong que realiza as oficinas, o CENPEC.
O evento de abertura terá um show com a banda plágio,a partir das 18hs. Mas a exposição fica por lá até dia 5 de maio, confira!

domingo, 15 de abril de 2012

Edwige Aplogan


No ano passado ,  aqui no Rio de Janeiro , após cumprir meu expediante no MAM fui visitar o Centro Cultural Hélio Oticica com alguns amigos.Para a minha alegria acontecia uma Vernissage sobre uma mostra de trabalhos vindos diretamente de Benin. Ancestralidade e contemporaneidade o nome da exposição. Haviam esculturas,pinturas, desenhos, e instalações espalhados por todos os lados daquele museu trazendo uma história viva daquele país Africano que é um dos berços da nação brasileira.
Logo que adentrei-me ao local e subi as escadas me deparei com as obras de Edwige Aplogan. Embasbacada e feliz foi meu semblante diante dos quadros dessa artista plástica maravilhosa. Aproximei bem de perto meu corpo sobre a obra e conversando comigo mesma como se estivesse batendo um papo com a pintura, alguém se aproximou e disse:
- Gostou?
  Eu  dei um pulo, quando me virei, lá estava ela! Me observando o tempo todo! Linda! Num inglês meio afrancesado, no qual entendi apenas algumas palavras, agradeceu-me e de quebra ganhei um beijo e uma foto! :)







Qual delas o CRIADOR todo poderoso a fez naturalmente? E qual delas foi programada para ser ela?



sábado, 14 de abril de 2012

O perigo de uma única história!










Alice Walker



Alice Malsenior Walker (9 de fevereiro de 1944, Eatonton, Georgia) é uma
escritora estado-unidense e feminista.
Filha de agricultores, ela perdeu a visão de um dos olhos aos 8
anos de idade, num acidente. Graças à sua dedicação, Alice Walker conseguiu
sucessivas bolsas de estudos, graduando-se em artes pelo Sarah Lawrence
College, em 1965. Walker iniciou sua carreira de escritora com Once, um
volume de poesias, e alcançou fama mundial com A Cor Púrpura.
O romance A Cor Púrpura foi premiado com o Prémio Pulitzer,
e deu origem a um dos mais belos filmes de Steven Spielberg, com a atriz
Whoopi Goldberg no papel principal. Na obra, a personagem escreve cartas a
Deus e à irmã desaparecida. Com sensibilidade e talento, Walker mostra
representações de uma mulher negra sulista quase analfabeta, que vive em
uma realidade dura de pobreza, opressão e desamor.
A autora escreveu também o livro "De amor de desespero",
uma obra composta pelas vozes de várias mulheres negras do sul dos EUA. O
livro é uma coletânea de vários contos, nos quais conhecemos mulheres
diferentes com seus temores, desafios e sonhos. No Brasil, o livro foi lançado
pela editora Rocco.
Walker sempre foi uma ativista pelos direitos dos negros e das
mulheres, destacando-se na luta contra o apartheid  e contra a mutilação
genital feminina em países africanos.
Em 1984, fundou sua própria editora, a Wild Trees Press.



Estou triste?
“Estas lágrimas nestes olhos não estão dizendo?”


Durante quase três anos eu e a pessoa que morava comigo alugamos uma casa no campo à beira de uma grande campina que parecia ir direto da nossa varanda até as montanhas. Porém, as montanhas estavam muito longe, e entre nós e elas havia, na verdade, uma cidade. Um dos aspectos agradáveis da casa era o fato de não percebermos isso. Era uma casa com muitas janelas, baixas e largas, quase do assoalho até o teto, na sala de estar, que dava para a campina, e foi por uma delas que vi, pela primeira vez, nosso vizinho mais próximo, um grande cavalo branco, pastando, balançando a crina, andando de um lado para o outro ? não por toda a campina, que se estendia até se perder de vista, mas nos cinco e poucos acres cercados, ao lado dos vinte e poucos que tínhamos alugado. Logo fiquei sabendo que o cavalo, chamado Azul, pertencia a homem que morava em outra cidade, e era tratado pelo nosso vizinho. Ocasionalmente, uma das crianças, em geral um adolescente forte, mas às vezes uma garota bem mais nova, ou um garoto, montavam Azul. Apareciam na planície, subiam no dorso do animal, cavalgavam furiosamente por dez ou quinze minutos, desmontavam, batiam com a mão nos flancos de Azul e só apareciam depois de um mês ou mais. Havia muitas macieiras no nosso quintal e uma delas ficava ao lado da cerca, quase ao alcance de Azul. Começamos a dar maçãs para ele, e Azul adorava, especialmente porque no verão a relva da campina - tão verde e suculento em janeiro - ficava seca por falta de chuva e Azul mastigava os talos secos, desanimado. Às vezes ele ficava imóvel ao lado da macieira e quando um de nós aparecia, relinchava, bufava alto ou batia com os cascos no chão. Naturalmente isso queria dizer: quero uma maçã. Era maravilhoso apanhar algumas maçãs das árvores ou as que tinham caído no chão durante a noite e pacientemente segurá-las, uma a uma, perto da boca enorme com dentes largos de Azul. Eu me encantava como uma criança com os lábios escuros e flexíveis, os dentes enormes em forma de cubos que mastigavam maçãs, inteiras, com tamanha finalidade, e sua enormidade, o peito largo, ao lado da qual eu me sentia tão pequena. Quando eu era pequena, costumava andar a cavalo e tinha uma amizade especial por uma égua chamada Nan, até o dia em que eu estava montando, meu irmão a espantou e fui atirada de cabeça numa árvore. Quando voltei a mim, estava na cama e minha mãe inclinava-se preocupada ao meu lado; silenciosamente concordamos que montar talvez não fosse o esporte mais seguro para mim. Desde então eu ando, e prefiro andar a montar - mas tinha esquecido a profundeza do sentimento que existe nos olhos de um cavalo. Assim, não estava preparada para a expressão nos olhos de Azul. Azul estava solitário. Azul estava terrivelmente solitário e entediado. Isso não me deixou chocada; cinco acres para andar sozinho sem parar, mesmo na mais bela das campinas - como a dele - não é exatamente interessante, e quando a estação das chuvas dava lugar à seca, era pior ainda. Não, fiquei chocada por ter esquecido que animais humanos e animais não humanos podem se comunicar muito bem; quando somos criados convivendo com animais, sabemos disso. Crescemos e esquecemos. Entretanto, os animais não mudaram. São, na verdade, criaturas completas (pelo menos parecem ser, muito mais do que nós) não sujeitas a mudanças; faz parte da sua natureza expressar o que sentem. O que mais podem expressar? E é o que fazem. E de um modo geral, são ignorados. Depois de dar as maçãs a Azul, eu voltava para casa, sentindo que ele me observava. Então não ia ganhar mais maçãs? Seria aquela sua única distração para o dia todo? O filho pequeno do meu companheiro resolveu aprender a fazer colchas de retalhos; trabalhávamos em silêncio nos nossos respectivos bastidores enquanto eu pensava... Bem, sobre a escravidão: sobre crianças brancas criadas por negros, que aprendiam com mulheres negras o primeiro amor incondicional e então, quando chegavam aos doze anos mais ou menos, aprendiam que precisavam "esquecer" os profundos níveis de comunicação entre elas e a "ama" que conheciam. Mais tarde poderiam dizer calmamente, "Minha velha ama foi _ _". Preencham o espaço em branco. Muitos anos depois uma mulher branca diria: "Não entendo esses negros, esses pretos. O que eles querem? São tão diferentes de nós" E sobre os índios, considerados como "animais" pelos ?colonizadores? (um eufemismo muito benigno para o que realmente eram), que não compreendiam essa descrição como um elogio. E sobre os milhares de homens americanos que se casam com japonesas, coreanas, filipinas e outras mulheres não de língua inglesa, que se consideram felizes, "abençoadamente felizes", até suas mulheres aprenderem a falar inglês, quando então o casamento desmorona. O que então esses homens viam, quando olhavam nos olhos das mulheres com que se casaram, antes que elas aprendessem a falar inglês? Aparentemente apenas o próprio reflexo. Pensava na impaciência da sociedade para com os jovens, "Por que tocam essa música tão alto?". Talvez os filhos tenham ouvido a música de povos oprimidos, que seus pais dançavam antes de terem nascido, com seus braços apaixonados, mas suaves, de aceitação e amor, e não possam entender como seus pais não souberam ouvi-los. Não sei há quanto tempo Azul habitava seus belos e tediosos cinco acres antes de nos mudarmos para aquela casa; um ano depois de termos chegado - e viajado para outros vales, outras cidades, outros mundos - ele ainda estava ali. Porém no nosso segundo ano na casa, aconteceu algo na vida de Azul. Certa manhã, olhando pela janela para a neblina que se estendia como uma larga fita sobre a campina , vi outro cavalo, na outra extremidade do campo de Azul. Azul parecia estar com medo do outro animal e durante alguns dias nem tentou aproximar-se dele. Passamos uma semana fora. Quando voltamos, Azul resolvera fazer amizade e os dois cavalos passeavam e galopavam juntos e Azul já não ia tantas vezes até a macieira. Quando se aproximava da árvore era sempre com a amiga e havia uma nova expressão em seus olhos. Uma expressão de independência, de segurança, de inalienável eqüinidade. A amiga finalmente ficou prenhe. Durante meses e meses, tive a impressão de que havia um sentimento mútuo de justiça, de paz. Eu dava maçãs aos dois. A expressão nos olhos de Azul era de um atrevido "Isso é a vida". Mas não durou. Certo dia, depois de uma visita à cidade, saí para dar algumas maçãs a Azul. Ele estava esperando, pelo menos foi o que pensei, mas não sob a macieira. Quando sacudi a árvore e dei um pulo para trás, afim de evitar que as maçãs caíssem em cima de mim, ele nem se moveu. Levei algumas para ele. Azul mastigou metade de uma maçã. O resto, deixou cair no chão. Tive medo de olhar em seus olhos - porque já havia notado, é claro, que Marrom, sua companheira, não estava lá. Se eu tivesse nascido na escravidão e meu companheiro tivesse sido vendido ou morto , meu olhos seriam iguais aos dele. As crianças do vizinho explicaram que a companheira de Azul fora ?levada para ele? (a mesma expressão usada pelos antigos, eu havia notado, quando falavam de uma ancestral, durante a escravidão, engravidada pelo dono) para que ele a cobrisse e ela ficasse prenhe. Conseguindo isso, a égua foi levada pelo dono, que morava em outro lugar. Ela vai voltar? perguntei. Não sabiam. Azul parecia um ser humano enlouquecido. Para mim, Azul era um ser humano enlouquecido. Galopava furiosamente, como se tivesse um cavaleiro, dando voltas e mais voltas nos seus belos cinco acres de terra. Relinchava até não poder mais. Escavava o solo com as patas. Dava marradas em sua única árvore de sombra. Olhava sempre e sempre para a estrada pela qual a companheira tinha partido. E então, ocasionalmente, quando se aproximava para receber maçãs, ou quando eu as levava até ele, Azul olhava para mim. Era um olhar tão penetrante, tão repleto de dor, um olhar tão humano, que quase me dava vontade de rir (a tristeza era grande demais para me fazer chorar), pensando que certas pessoas não sabem que os animais sofrem. Pessoas como eu que esqueceram, e esquecem a cada dia, tudo aquilo que os animais tentam nos dizer. "Tudo que vocês nos fazem acontecerá a vocês; somos seus professores, como vocês são nossos. Nós somos uma lição", é o que nos dizem basicamente, eu acho. Certas pessoas jamais pensaram nos direitos dos animais; aprenderam que os animais querem ser usados e abusados por nós, como as crianças muito novas "gostam" que as assustemos, ou como as mulheres ?adoram? ser maltratadas e estupradas... São os bisnetos daqueles que acreditavam nisso honestamente porque alguém ensinou a eles o seguinte: "As mulheres não podem pensar", e "negras não podem desmaiar". Porém, o que mais me perturbava nos grandes olhos castanhos de Azul era uma nova expressão, mais dolorosa que o desespero, a expressão de nojo dos seres humanos, nojo da vida; a expressão de ódio. E era estranho o efeito dessa expressão. Pela primeira vez dava a Azul a aparência de um animal selvagem. Significava que ele havia erguido uma barreira para se proteger de mais violência; nem todas as maçãs do mundo poderiam mudar isso. E assim ficou Azul, uma bela parte da nossa paisagem, muito tranqüilo, visto pela janela, branco contra a relva verde. Um amigo que nos visitava disse certa vez: "Tinha de ser um cavalo branco, a verdadeira imagem da liberdade." E eu pensei, sim, os animais obrigatoriamente são transformados para nós em meras "imagens" daquilo que antes expressavam tão bem. E nos acostumamos a tomar leite de garrafas com imagens de vacas "satisfeitas", de cujas vidas reais nada queremos saber, comer ovos e coxas de "galinhas felizes", mastigar hambúrgueres de bois cheios de integridade, que comandam o próprio destino. Falando sobre liberdade e justiça para todos, sentamos à mesa para comer bifes. Estou comendo sofrimento, pensei na primeira garfada. E cuspi a carne.

Eu sou fascinada por trilhas sonoras!

Há alguns meses eu tive conhecimento de um filme super bacana que narra eventos fictícios com um pano de fundo real , no ano de 1976 ,marcado por conflitos étnicos entre brancos e negros. Night Catches us é o nome do filme. A roteirista é uma Lady chamada Tanya Hamilton que se interessou pela história de um amigo da família, Carol Lawson Green. Lawson recebeu uma sentença de prisão de uma ano por organizar em 1965 um protesto em frente a Casa Branca .Tanya se intrigava como esses eventos moldavam a vida de seu amigo seja para o bem como para o mal. Baseado nisso a diretora começou a trabalhar o filme lançando um olhar complicado para Os Panteras Negras em 1976 e como o movimento de Black Powers afetou as relações intímas das pessoas envolvidas com ele. Um filme provocante e trágico.  O elenco inclui Kerry Washington Anthony Mackie Jamie Hector e Wendell Pierce. O som que também embala esse longa- metragem é da banda maravilhosa THE ROOTS , mas postarei  é uma outra banda que também está na trilha sonora, El MICHELS AFFAIR , faixa de um albúm em que os músicos trabalharam com nada mais e nada menos que  os caras do WU TANG CLAN.
                                                    Um pedacinho de Night Catches us:
O delicioso El Michels Affair:

Se você não sabe seus direitos, você não tem direitos!